Blog do Windows 7

A Microsoft está com um blog que torna mais transparente o processo de desenvolvimento do Windows 7. No blog eles também incluem outros posts sobre assuntos correlatos. Alta qualidade técnica. Vale a pena visitar. Alguns posts que achei interessante:

From Idea to Feature: A view from Design (como é o processo de decisão das funcionalidades até a implementação?

Engineering 7: A view from the bottom (como se estrutura o desenvolvimento de um software do tamanho do Windows? O autor tem mais de 15 anos de Microsoft e um dos bons blogs que leio com frequência. Adoro conhecer a razão histórica das decisões de arquitetura que convivemos até hoje. Sempre existe uma boa razão e um tradeoff sério que foi feito)

Windows Desktop Search (boa discussão sobre a forma de implementação do Desktop Search. preste atenção sobre os tradeoffs que são feitos numa decisão como esta)

Autópsia de um fracasso.

“Failure is the only opportunity to begin again more intelligently.” -Henry Ford

E uma excelente forma de aprender é com o erro dos outros. Roger Ehrenberg tornou público o que levou a empresa Monitor 110 quebrar (Monitor110: A Post Mortem). Como uma empresa que em 2006 foi matéria elogiosa da Financial Times quebrou? O cara tinha dinheiro, tinha visibilidade! O que ele fez de errado?

No post da autópsia ele faz a análise. Ele olha para trás e chega as seguintes conclusões:

  • A demora em definir um líder que dê a palavra final na empresa; (“the buck stops here”)
  • Falta de separação entre a tecnologia e produto; (ficou focado na tecnologia, no lugar de focar no produto. Não tinha uma pessoa com a visão do cliente na empresa. Virou quase pesquisa básica)
  • Muita exposição, muito rápido (Olha a matéria elogiosa do Financial Times como um ponto negativo. O pessoal achou que estava fazendo sucesso…)
  • Muito dinheiro (Torna você menos focado, podemos fazer mais um release do software, temos dinheiro…)
  • Distante do consumidor (falta de feedback. O que estamos fazendo é realmente útil?)
  • Devagar em adaptar a realidade do mercado (O mercado está indicando uma coisa e você fazendo outra.)
  • Conflito entre o corpo executivo e o conselho sobre a estratégia da empresa;

O relato dele gerou muita controvérsia e ele preparou outro ( Monitor110 Learnings: The Good, The Bad, and The Really Bad ), olhando a parte boa e ruim.

Bom:

  • Capacidade de articular idéias e conseguir dinheiro (veja a parte do protótipo, veja como fazer uma apresentação para investidor…)

Ruim:

  • Time muito bom, porém inadequado; (um  monte de alunos brilhantes vindo de excelentes universidades que não tinham experiência nenhuma com os assuntos que deveriam ser tratados por pessoas que já estavam trabalhand na fronteira do conhecimento. O learning by doing foi exagerado neste caso.)
  • Métricas inadequadas; (estamos indo para o local correto?)
  • Falta de foco; (tentou fazer demais no lugar de focar os esforços);
  • Gastou demais;

Corrigida a expressão, valeu Régis!

Lei Azeredo: cuidado, vamos chamar os paranóicos…

Leiam isso que o Silvio Meira escreveu (lei azeredo: crítica é “paranóica”? não, não é.). Este Azeredo quer incriminar todo mundo (inclusive você que tem um iPhone do seu lado). Vejam a hipótese dos verdadeiros interessados nesta lei. Vamos ver quem financia a campanha do Azeredo. Não se esqueçam: follow the money.

Conhece algum parlamentar? Encaminhe a ele. O mal de não gostar de política é ser governado por eles. Se envolva, grite, dê sua opinião.

Falhas de mercado e o financiamento a invenção (inovação)

Eu sempre me surpreendo com alguns documentos que eu encontro nos EUA tratando de politica pública em ciência, tecnologia e inovação. “Economic Welfare And The Allocation of Resources For Invention” do Kenneth Arrow da RAND Corporation, tratava em 1958 do financiamento a invenção.

Ele em primeiro lugar define invenção como um processo de produção de informação. Com esta definição ele divide o problema em dois:

  • A análise do risco do processo de produção da informação (sucesso ou não);
  • As características econômicas do bem “informação”.

O processo de produção de informação é extremamente arriscado. Qualquer companhia vai tentar mitigar o risco. Uma forma de você eliminar um risco é comprar um seguro. Como ninguem financia seguro para  insucesso de pesquisa e desenvolvimento, as empresas não podem se defender deste risco, logo os gestores vão alocar recursos não ótimos ao processo de inovação. Trazendo para a nossa realidade que você tem um ativo para investimento sem risco  com retorno de 13% ao ano (dobra o capital em cada 5/6 anos), quem vai investir em algo tão incerto como inovação?

O produto da inovação é informação. Como se apropriar da informação de forma que você possa comercializá-la? Patentes, copyright etc. Neste ponto o autor discute vários aspectos interessantes sobre a informação que hoje é corrente na discussão de patentes ou software livre. O autor fala que do ponto de vista econômico a melhor decisão é distribuir a informação gratuitamente, pois o custo de distribuição marginal é zero (gente, ele falou isso no meio da guerra fria, nos estados unidos, isso é quase comunismo 🙂 ). Ele discute o problema de como remunerar a pessoa que correu o risco na descoberta desta informação. Ele discute que possivelmente o único meio do detentor da informação manter propriedade é mantê-la em segredo e usá-la em um processo fabril dentro da própria organização ( se eu descrevo em uma patente, eu dou a pista de como chegar lá… ). Discute a indivisibilidade da informação e por causa disso como medir a contribuição dos outros na criação deste novo pedaço de informação “standing on the shoulder of giants“. Todos os argumentos normalmente usados pelo pessoal de open source, contra as patentes etc etc etc está lá. (e todos a favor também… o cara me parece ser honesto intelectualmente… sem muitos dogmas…)

De posse destes dois elementos ele conclui que o setor privado nunca vai alocar parcelas ótimas de capital no financiamento da inovação e parte para discutir como o setor público pode alocar recursos. O processo de financiamento da inovação com base em custo, financiamento da indústria militar americana etc etc etc também esta lá.

Sempre me surpreendo com a qualidade deste tipo de documento na formulação da política pública americana. Recentemente achei este blog. É do diretor do comitê do orçamento do congresso americano. Ele descreve a audiência sobre o orçamento de saúde nos EUA. E destaca o seguinte:

A growing body of research on behavioral economics suggests that, in addition to financial incentives, norms and default options can exert a strong influence on individuals’ choices. Such findings could inform efforts to improve efficiency in the health sector.

  1. Quantas vezes você já ouviu falar que uma comissão do senado brasileiro ouviu alguem para tomar alguma decisão relevante? E que este depoimento estava público?
  2. Quantas vezes você já viu nestes depoimentos alguem mencionar uma têndencia de pesquisa acadêmica para subsidiar uma decisão de politica pública?

Nunca? Nem eu.

Bola pra frente…

Fundos de Venture Capital Privado e Público.

Paper do NBER (National Bureau of Economic Research) comparando a performance de venture capital privado e público. As análises anteriores focavam somente no retorno para o investidor. Nesta análise foi incluido parâmetros como probabilidade e tamanho da oferta pública de ações ou fusão e aquisição, e inovação usando como proxy o número de patentes.

Os dados foram coletados no Canadá. Eles atribuem a diferença da performance ao processo de seleção e critérios entre os fundos privados e os que tem apoio público.

http://www.nber.org/papers/w14029

Elevator pitch na Noruega em 1890

Nansen Elevator PitchElevator Pitch é a idéia de apresentar o seu produto, idéia, conceito em uma viagem de elevador. Imagine que você encontrou com a pessoa mais importante para o seu projeto (pessoal ou profisional) no elevador. O que você diria nos 30 segundos? Como convencê-la a prolongar a conversa? Como você conseguiria resumir a sua idéia em um discurso conciso e contudente?

Em 1890, Fridtjof Nansen, um cientista que se tornou explorador e depois diplomata (O passaporte Nansen para refugiados de guerra tem este nome por causa dele. Ele também ganhou o Nobel da Paz em 1922. Vá no link e leia a biografia) vendeu a idéia de uma expedição para a Academia Norueguesa de Ciência. Um projeto que iria construir um barco formidável com o nome de Fram. Considerado o mais resistente barco de madeira já construido. Foi feito para ser congelado na calota polar, acomodando 12 pessoas durante 5 anos. (isso muito antes de Amyr Klink….). O Fram realizou 3 viagens para os polos e hoje tem um museu somente para ele (Fram Museum) em Oslo, capital da Noruega.

Clique na foto e veja como Nansen convenceu a Academia Norueguesa de Ciência. “My plan in short is: …”